sábado, 17 de novembro de 2012

Barranco acima, barranco abaixo e ainda desplugado

Pois é, mais um dia de aventuras fotográficas e de exercício de desapego telefônico. Nada ainda, na cidade de Chapada do Norte, quem manda é a OI, aqui em Minas Novas é a TIM, e por aí vai, acho que terei de descobrir por onde anda a VIVO, e olhem que ela comprou a maior operadora de MG, a TELEMIG.
Ontem foi mais um dia de visitações aos Quilombolas, desta vez em Chapada do Norte, municiípio pertencente ao Alto Jequitinhonha.
De lá, fomos para Misericórdia, Quilombola com 24 famílias, e mais uma vez, conhecemos pessoas incríveis como o Sr. Cezário e D. Maria. Ele nos contou que é nascido e criado naquela casa, tem 75 anos. A Igreja de N. Sra. d Rosário, em frente a casa dele, foi construída por ele, ainda falta acabar, ele "por cauda das vista ruim, caiu e machucou as pernas", não está podendo continuar, mais vai acabar.
A simplicidade como somos recebidos por todos é comovente, até os cachorros vem fazer festa em quem chega.
Em minhas observações, notei que, quando perguntamos alguma coisa, eles sempre começam a resposta por "ehhh, então..", a gente acaba pegando o jeito, e também precisamos nos acostumar a calma e a contemplação que acompanha a vida deles, acho que até mesmo dos mineiros, principalmente os do norte de MG.
Em Misericórdia vivem 24 famílias, todos parentes, exceto uma, as casas mantém uma certa distância, mas o problema é comum, falta de água. os riachos que contam a região estão secos, você caminha pelas lajes de pedra do leito do rio, o solo não é bom, barro por todos os lados, então imaginem o que é viver por lá. Mesmo com tudo isso, são receptivos e generosos com quem chega, para mim continua sendo o ponto alto da viagem. Não estou descartando o objetivo que é observar e aprender como se faz o light painting, mas esse contato com os que vivem por aqui me agrada muito.
Na volta de Misericórdia, praticamente mandados para fora de lá por preocupação dos moradores por conta da chuva que iria cair, e caiu, um deles me disse que "se chover essa estrada fica igual a quiabo", paramos em Cachoeira do Norte para um lanche antes de voltarmos ao hotel.
Foi lá que conheci uma figura, não sei o nome dele, mas era novo, saradão, negro que começou a nos perguntar o que estávamos fazendo lá. Pode se imaginar, 9 pessoas chegando com carros com placa do RJ, praticamente viramos celebridades.
Conversa vai conversa vem, ele me conta que gosta de viajar e já esteve no Rio. Foi lá que ele foi apresentado a uma escada rolante. Olhou observou e colocou um pé, quando a escada puxou ele, deu uma cambalhota para traz que teve que ser ajudado. Imaginem, um cara todo sarado, da minha altura, 1,80m, caindo na subida de uma escada rolante, para ele foi emocionante, principalmente depois que ele se acalmou e subiu.
Depois me disse ter ido até Campos dos Goitacazes, eu mereço! Me contou que gostou muito de lá, mais um mereço para mim, e me perguntou onde eram os cafezais, já que ele gosta de ler e havia lido A Escrava Isaura. Eu disse que desconhecia cafezal em Campos, que lá se plantava e se planta cana de açúcar, então ele veio com essa: "então fui enganado pelo autor do livro, porque ele mandava os escravos de castigo para o cafezal". Não sei se falei besteira, mas acho que desiludi um leitor.
Por ora é só. Aproveitando o wi-fi do hotel, provavelmente estamos retornando a Chapada do Norte para que o Renan conclua o que ele prospectou para o projeto dele por lá, não sei se terei wi-fi, telefone eu sei que não, então fica o suspense para a próxima.
Até!

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